
O problema
A equipa da Cátedra UNESCO Comunicação, Literacia Mediática e Cidadania, da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), do Politécnico de Lisboa (IPL), condena veementemente os crimes contra a humanidade que estão a ser praticados contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza, e manifesta a sua profunda solidariedade com todas as vítimas deste conflito.
Enquanto defensores dos direitos humanos e de uma sociedade livre, justa e solidária, condenamos sem reservas os bárbaros ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, que mataram cerca de 1200 pessoas, a grande maioria civis israelitas; deixaram feridas mais de 3000 pessoas; e fizeram cerca de 250 reféns. É desumana a recusa do Hamas em entregar os reféns às suas famílias, ignorando o intenso sofrimento de uns e de outros. Condenamos também a barbárie dos ataques de Israel sobre o povo palestiniano, numa escalada de um conflito de que são vítimas milhares de cidadãos que desejariam viver num clima de paz e respeito mútuo.
Perante o agudizar das proporções trágicas e desumanas dos ataques de Israel em curso há 21 meses, não podemos ficar no silêncio. Dados da Cruz Vermelha Britânica indicam que mais de 52 mil pessoas morreram em Gaza desde o início do conflito, muitas das quais mulheres e crianças; 118 mil foram feridas e quase meio milhão estão em risco crítico de fome. A crise humana é devastadora.
A equipa da Cátedra UNESCO da ESCS-IPL manifesta o seu repúdio pelos bombardeamentos indiscriminados sobre civis e pelo bloqueio à entrada de ajuda humanitária internacional na Faixa de Gaza, impedindo o acesso da população a comida, água, medicamentos e emergência médica.
A resolução do conflito, bem sabemos, é complexa. Mas não queremos e não podemos ficar resignados perante os métodos usados por Israel, atos com “características próprias de genocídio”, com vítimas civis em massa, tantas crianças, e imposição de condições de risco de morte, incluindo pela fome, como referem as Nações Unidas.
Assim, unimos a nossa voz a todas as outras que apelam aos responsáveis políticos portugueses para que se posicionem firmemente contra os crimes cometidos em Gaza e exerçam a sua influência de forma ativa na construção da paz, nomeadamente, para:
- O fim dos bombardeamentos e dos ataques de Israel sobre o povo palestiniano;
- A libertação imediata dos reféns nas mãos do Hamas;
- A reposição urgente da ajuda humanitária em segurança;
- O acesso livre dos meios de comunicação internacionais independentes ao território;
- O restabelecimento do Direito Internacional, incluindo o Direito Internacional Humanitário, que protege os civis e impõe limites aos meios de guerra;
- A busca de soluções de paz na região.
Apelamos, ainda, à disponibilidade das várias instituições de ensino superior português para acolher estudantes palestinianos que procurem refúgio, assim como para cooperar com as instituições de ensino, investigação e cultura palestinianas, muitas delas infelizmente destruídas.
A equipa da Cátedra UNESCO Comunicação, Literacia Mediática e Cidadania procura contribuir para uma comunicação digna, responsável e humana. Deixamos, por isso, o apelo a todos os profissionais de informação para que usem o seu sentido crítico na forma como comunicam sobre este conflito, designadamente através de uma escolha cuidada e consciente das palavras utilizadas na descrição dos acontecimentos e na dignidade das pessoas envolvidas.
Finalmente, a responsabilidade por estes crimes não pode ser assacada de forma cega e indiscriminada. Apelamos para o respeito e solidariedade entre todos os cidadãos, para a necessidade de combater o discurso de ódio, e para a capacidade de estabelecer relações interpessoais com base na humanidade e dignidade.
Com esperança e sentido de responsabilidade coletiva, subscrevemos este apelo e convidamos toda a comunidade académica e todas as pessoas interessadas a juntar-se a nós!
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