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Casa cheia no debate “Imprensa e revolução”

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marcelo rebelo de sousa

O tema abordado por estas figuras emblemáticas, ligadas ao jornalismo na época do Portugal Revolucionário, deu pano para mangas estando já prevista a continuação do debate para breve.

O colóquio, moderado por António Reis, fundador do Partido Socialista, centrou-se no contributo dos jornais portugueses para a Revolução de Abril e no processo de transição para a democracia. A temática “para além de ser de extrema importância, ainda está pouco explorada em termos de investigação”, refere Inácia Rezola, vice-presidente da Escola Superior de Comunicação Social. A professora da principal instituição dinamizadora da iniciativa acrescenta ainda que “o colóquio pode dar pistas para teses de mestrado em jornalismo”.

De regresso aos anos 70 e 80, Marcelo Rebelo de Sousa, membro fundador do PSD e professor catedrático, apresentou o historial da imprensa dessa época, altura em que foi subdirector e depois director do Expresso. O comentador político salientou a importância que o semanário teve no período do PREC (processo revolucionário em curso), numa altura em que “ninguém acreditava no que se dizia na RTP”. Sobre a actual situação da imprensa portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa diz que “os jornais portugueses estão a morrer” e que “é triste assistir ao definhar da imprensa escrita”.

Jorge Correia Justino fez questão de salientar que não foi capitão de Abril, o político assumiu a pasta da Comunicação Social nos III, IV e V Governos Provisórios e em 1974 era secretário de Estado da Comunicação Social em Angola. Jorge Justino referiu “a constante pressão” exercida ao nível ministerial pelos jornalistas internacionais que estavam em Portugal no período revolucionário.

Perante uma plateia maioritariamente constituída por jovens nascidos no pós 25 de Abril, José Rebelo diz ser difícil falar para estes sobre um momento da história que, foi para ele, dos mais marcantes da sua vida. O actual professor do ISCTE era, na altura, correspondente de Portugal no jornal francês “Le Monde”. José Rebelo recordou “o grande interesse” que o 25 de Abril despertou na imprensa internacional, explicado sobretudo pelo “vazio informativo que existia, na altura, no mundo”, mas também pelo “lirismo das narrativas dos acontecimentos”. O antigo jornalista recorda que o “Le Monde” designou uma equipa de 15 jornalistas para fazer a cobertura do que se passava em Portugal. José Rebelo referiu que em Julho de 1975 “Portugal esteve na 1.ª página do jornal francês durante 21 dias”.

Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, e José Carlos Vasconcelos, directores do Jornal de Letras, terminaram o colóquio com uma evocação a Vítor Alves, um dos capitães de Abril, falecido este ano. O homenageado teve um relevante contributo na aprovação da primeira Lei de Imprensa pós-25 de Abril.

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