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26.11.2019
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O filme do realizador Benedikt Erlingsson, exibido a 25 de novembro na Escola Superior de Comunicação Social, no âmbito da parceria estabelecida entre o Politécnico de Lisboa e o Espaço Europa, serviu de pano de fundo a um dinâmico debate entre convidados, docentes e estudantes, sobre as questões ambientais e o papel que cada um de nós pode ter na urgência climática.

Cátia Sousa da Films4you

"O que representa Halla?", foi a pergunta deixada por Cátia Cátia Sousa, da distribuidora Films4you, aos estudantes na plateia após a exibição do filme. Depois de várias tentativas surge a resposta - Halla, a personagem principal do filme, representa a Mãe Natureza. "Neste trabalho cinematográfico, todos os personagens representam algo", frisou Cátia.

Entretanto, no palco ocupavam os lugares no painel de debate, Carla Graça, vice-presidente da associação Zero, João Camargo do grupo de ativistas Climáximo e Vitor Manteigas, professor de Saúde Ambiental na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL). A Sandra Miranda, vice-presidente da ESCS coube o papel de moderação.

Carla Graça

Ainda que no filme, vencedor do Prémio Lux Film Prize 2018 do Parlamento Europeu, a personagem Halla tenha agido sozinha, nas várias ações de sabotagem industrial que colocou em prática, os oradores foram unânimes em falar da importância do movimento coletivo e da força deste perante os decisores políticos. “Não façam as coisas sozinhos, juntem-se aos amigos, encontrem uma causa”, aconselhou Carla Graça.

João Camargo

A “Halla representa a impotência”, considera o ativista da Climáximo, para quem o filme mostra “a espetacularidade dos atos, mas o sistema ganhou”. João Camargo alertou para o facto de, neste momento, estarmos completamente dependentes dos recursos. “A história da humanidade é um subcapítulo da história da Terra”, disse.

Vitor Manteigas

Professor de Saúde Ambiental da ESTeSL onde foi até há pouco tempo, coordenador do programa Eco-Escolas, Vítor Manteigas, considera que a educação ambiental começa cedo nas escolas, nomeadamente com as questões da reciclagem e "teve influência na mudança do paradigma". No entanto, para o docente, “no ensino superior há um esquecimento destas matérias”. Deu a conhecer um exemplo positivo, ao nível da educação, o programa internacional da Foundation for Environmental Education, Jovens Repórteres do Ambiente, implementado em Portugal pela ABAE (Associação Bandeira Azul da Europa), através do qual jovens são mobilizados para documentarem os problemas ambientais das suas regiões.

Paralelamente, o ativismo no feminino foi uma das questões em cima da mesa. O nome de Greta Thunberg foi o mais falado pelo painel de oradores. A jovem sueca, que vai chegar esta semana a Portugal, tem sido alvo de muitas críticas e pressão a nível global.

Luísa, estudante de Jornalismo

Na plateia, Luísa, estudante de Jornalismo na ESCS, interveio para dar a conhecer a sua perspetiva sobre a realidade atual sobre as questões ambientais e o modo como os jovens lidam com esta realidade. “Fiquei a saber mais do que sabia antes de entrar nesta sala”, confessou a jovem, para quem “só os adolescentes que estão interessados nestas questões (ambientais) é que pesquisam para saber mais”. Luísa considera que para os restantes, "participar nas manifestações é mais fazer parte de uma moda”.  

Pegando na afirmação da jovem, Carla Graça mostrou o lado positivo desta visão, ao defender que “as modas não são necessariamente más”. Para a vice-presidente da Zero, “mudar de atitude é fácil, mudar um comportamento é mais difícil”. “Nós vivemos numa sociedade de consumo descartável”, frisou a ambientalista. A mensagem final de Vítor Manteigas foi a de que “desistir é a última coisa a fazer” perante a urgência climática que vivemos atualmente.

Texto de CSS/GCI
Imagem de LR/GCI