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22.04.2020
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Carlos Luz é professor na Escola Superior de Educação de Lisboa (ESELx) e faz parte da equipa de investigadores que levou a cabo um primeiro estudo, no qual são analisadas rotinas das famílias portuguesas durante as primeiras três semanas de isolamento devido ao surto da Covid-19, que deu origem ao projeto C-Ativo em casa.

Saber as reais consequências do isolamento para as crianças e o impacto da falta de oportunidade e espaços para o movimento das crianças foi um dos principais objetivos que motivou o grupo de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade de Lisboa, da ESELx do Politécnico de Lisboa (IPL), e da Escola Superior de Desporto e Lazer do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

Numa primeira avaliação, o estudo mostra que o encerramento de escolas, bem como muitos dos espaços laborais e as rotinas diárias da família e dos filhos, deram origem a níveis de sedentarismo na ordem dos 80 por cento no caso das crianças entre os 10 e os 12 anos, descendo para os 63%  para as crianças entre os 0 e os 2 anos.

Através dos dados recolhidos através de um inquérito online, respondido por 1973 famílias com 2167 crianças, os investigadores apuraram que, durante 23 de março e 1 de abril, o confinamento das famílias originou um decréscimo no tempo de atividade física dos seus filhos em 69,4% por cento dos casos.

Este tempo foi desviado para outras atividades que acabam por resultar num aumento do tempo passado à frente dos ecrãs, que os investigadores receiam que cause uma maior dependência das crianças no futuro

Os dados foram observados em Portugal, com um universo muito restrito, mas exemplificativo das implicações deste isolamento social obrigatório. Neste estudo, que conta com o apoio da Direção-Geral de Saúde, para além de ser questionado tipo de habitação, foi também avaliado o comportamento das crianças até aos 12 anos.

Este estudo também está a decorrer e a ser replicado na Grécia, Espanha, Reino Unido, Bélgica, EUA, Austrália, Nova Zelândia, o que vai permitir comparar a forma como esta fase está a ser vivida em vários países.

Para já este inquérito confirma a tendência decrescente do tempo de atividade física ao longo da infância. Ainda assim, as crianças que vivem em condições de confinamento obrigatório apresentam um grande tempo de sedentarismo, especialmente derivado da grande percentagem de tempo de jogo sem movimento (até aos cinco anos de idade) e do aumento do tempo de ecrã após essa idade.

O projeto C-Ativo em casa foi transposto para a rede social Facebook, onde para além de ainda haver a possibilidade de responder ao inquérito, têm sido partilhados alguns conselhos e ideias para ocupar as crianças em casa e promover a atividade física e mental.  

Carlos Luz

Carlos Luz é licenciado em Ciências do Desporto, mestre em Treino de Alto Rendimento e doutorado em Motricidade Humana pela FMH. O docente faz ainda parte do projeto Eco-sensors4Health, cofinanciado pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização e ao Programa Operacional Regional de Lisboa, destinado a apoiar as crianças na criação de escolas eco-saudáveis.

Texto de CSS/GCI IPL
Fonte: C-Ativo em Casa