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25.03.2019
Microcovid19

Investigadores e docentes da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa (ESTeSL), com um médico oncologista dos hospitais CUF e um estudante finalista de medicina da Universidade de Lisboa, em parceria com hospitais públicos e privados portugueses, vão estudar a relação entre o microbioma de doentes infectados pelo Covid-19 e a gravidade dos sintomas.

“Porque razão alguns doentes infetados com COVID-19, ficam em casa, quase assintomáticos, ou com uma ligeira tosse ou febre, e outros são internados nos cuidados intensivos?” Uma das respostas à pergunta pode estar nos milhares de bactérias, vírus e fungos que habitam o nosso intestino, algo que é denominado microbiota e que difere de indíviduo para indivíduo. A hipótese de que a microbiota intestinal possa estar associado à gravidade dos sintomas de doentes infetados faz parte da investigação que vai ser desenvolvida nos laboratórios da ESTesL, através da análise de amostras fecais, com recurso à técnica de Next Generation Sequencing[1], a 4 grupos distintos: grupo de controlo dos não infetados; infetados Covid-19 com sintomas ligeiros; infetados Covid 19 com sintomas mais graves e os já recuperados da doença.

microcovid19

Com um financiamento do Politécnico de Lisboa no valor de 35 mil euros, prevê-se que o estudo, numa fase inicial, seja aplicado a 150 pacientes de vários hospitais públicos e privados da região de Lisboa.

Para Miguel Brito, docente da ESTeSL e coordenador da investigação, “os principais objetivos deste estudo são tentar perceber se existe uma composição da microbiota “mais resistente” à infeção por SARS-CoV-2, tentar no momento do diagnóstico, compreender se o doente terá sintomas mais leves ou mais agressivos, permitindo uma triagem mais eficiente, com uma melhor gestão dos cuidados de saúde hospitalares." O investigador em genética humana acrescenta ainda que "queremos tentar compreender se existe uma relação entre a vacinação, a composição microbiótica e a gravidade dos sintomas, assim como se as alterações que encontrarmos na microbiota, são compatíveis com as alterações encontradas noutras infeções respiratórias virais, como a gripe comum causada pelo vírus influenza. Adicionalmente, será possível comparar as modificações que descobrirmos nos doentes COVID-19, com modificações encontradas noutras doenças e assim, percebermos quais as sequelas, após a recuperação da infeção por SARS-CoV-2".