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22.02.2016
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Aos 23 anos Leonor Teles, licenciada em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema, e mestre em Audiovisual e Multimédia pela Escola Superior de Comunicação Social, é a mais jovem realizadora de sempre a conquistar um Urso de Ouro para melhor curta metragem no Festival de Berlim. "Balada de um bratáquio", o trabalho premiado, aborda, de forma direta, a tradição, visível em vários pontos do país, de colocar sapos em cerâmica em estabelecimentos comerciais como forma de xenofobia para com a comunidade cigana supersticiosa em relação a estes animais.

A premiada recebeu a notícia, de forma incrédula, na 66.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim. A realizadora compara o seu filme "enérgico, irónico e irreverente", com menos de dez minutos de duração, a um registo de "música punk".

Pela segunda vez, em quatro anos,  o prémio máximo, num dos festivais mais importantes do mundo, na secção dedicada às curtas-metragens, é atribuído a Portugal. Em 2012 João Salaviza, também ele formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema, conquistou o prémio em Berlim com a curta-metragem "Rafa"

Leonor Teles e as raízes ciganas

Natural de Vila Franca de Xira, Leonor Teles cresceu numa família com raízes na comunidade cigana (da parte do pai, entretanto falecido). A jovem realizadora cresceu fascinada com as tradições, que nunca chegou a seguir e sempre se questionou sobre o que teria mudado se crescesse de acordo com as mesmas.

Enquanto estudante da Escola Superior de Teatro e Cinema decidiu filmar a vida da comunidade cigana no Casal dos Estanques, em Vialonga. O resultado foi "Rhoma Acans", “olho do cigano” em romani, dialecto antigo da comunidade. Obteve o primeiro lugar no festival de Vila do Conde e uma menção honrosa no IndieLisboa. O documentário, rodado no 2.º ano de licenciatura, começa com uma breve história da família Teles e a sua evolução até se expandir para fora da cultura cigana. Mesmo antes de entrar no curso de Cinema, Leonor já tinha vontade de explorar a sua origem, o filme ajudou-a a compreender o que queria fazer na vida.

Em 2013 a jovem realizadora estava a estagiar numa produtora e, naquele momento não pretendia avançar para nenhum projeto. "Não é fácil aos 21 anos apresentar ideias fortes e originais que tenham sucesso no cinema.", referia em entrevista ao Jornal Mirante

Texto de V.G.