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14.04.2020
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Superar o isolamento social e estes dias mais difíceis para os mais velhos, sobretudo os mais solitários, é um dos objetivos da iniciativa “Teatro ao telefone”, promovida pelo Teatro de Identidades, na Amadora, para manter o contacto com a população sénior, com quem trabalha desde 2012, em centros de dia e centros de convívio de seniores.

As sessões são feitas por telefone e servem para refletir sobre o papel da arte em contextos de emergência e criar uma nova dramaturgia.Das atividades desenvolvidas por mestres e mestrandos de Teatro e Comunidade, na Escola Superior de Teatro e Cinema, destaca-se a leitura de histórias ao telefone, inspiradas no livro Histórias ao telefone, de Giani Rodari, artista pedagogo das escolas de Reggio Emilia. Mas os próprios idosos estão a ser incentivados a contar histórias.

A estudante Marina Campanatti do mestrado em Teatro e Comunidade fala sobre a sua participação no Teatro ao Telefone, no vídeo divulgado no instagram do IPL (Clique na imagem para ver o vídeo).

Resultado de uma parceria entre a Câmara Municipal da Amadora, a Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC) e a Associação dos Amigos da ESTC, antes da pandemia, o projeto de investigação com seniores “Teatro de Identidades” dinamizava aulas semanais de teatro, movimento coreográfico, voz e canto em cinco instituições particulares de solidariedade social, mas também nas residências privadas de seis agregados familiares, compostos por seniores isolados e em situação de dependência física.

Adaptando-se às limitações impostas pelo estado de emergência, o Teatro de Identidades continua a dinamizar e levar a prática teatral à população sénior do concelho da Amadora, mas à distância de uma chamada telefónica. É desta forma que levam o calor, o conforto e o contacto possíveis aos mais velhos: Escutar, Cantar, Ler, Propor, Provocar. Dar Voz em tempos de inquietação.

Rita Wengorovius, professora do mestrado Teatro e Comunidade da Escola Superior de Teatro e Cinema, encenadora e atriz, é a coordenadora técnica do “Teatro de Identidades”. A também investigadora do The Social and Community Theatre Centre of the University of Turin, conta levar a palco, em outubro, a peça de teatro que vai reunir todos os testemunhos que resultam da iniciativa “Teatro ao Telefone”. “Não sabemos se acontecerá, mas já temos datas, porque é importante criar esta sensação de futuro, para os motivar”, esclarece a coordenadora do projeto.

O projeto Teatro de Identidades é desenvolvido desde o ano letivo 2012/2013, através de sessões semanais de teatro, movimento coreográfico, voz e canto realizadas em Centros de Dia e Centros de Convívio destinados a seniores, promovendo o envelhecimento ativo, a inclusão e a acessibilidade à arte. Estas sessões são dinamizadas em 5 Instituições Particulares de Solidariedade Social, envolvendo, atualmente, cerca de 90 pessoas. Os intervenientes têm entre os 50 e os 95 anos e, apesar da heterogeneidade do grupo, muitos já sofrem de Alzheimer e Demência.

Em 2018, o trabalho desenvolvido por Rita Wengorovius valeu-lhe a atribuição do Prémio de Reconhecimento de Atividades com Relevância na Comunidade do Politécnico de Lisboa, pela relevância do “Projeto Teatro de Identidades” e pelo facto de ter envolvido, totalmente, a Escola Superior de Teatro e Cinema no processo.

Rita Wengorovius é ainda diretora artística do Teatro Umano - Associação Cultural , uma estrutura artística que surgiu em 1998, que aposta na afirmação do teatro enquanto espaço privilegiado de diálogo e criação coletiva, em que os processos de trabalho colocam os indivíduos e as comunidades no centro da criação.

Texto de CSS/GCI