A exposição Aristides de Sousa Mendes: Razões de Humanidade serviu de mote a uma conversa com a comunidade ucraniana em Lisboa e visita ao Espaço Artes – Politécnico de Lisboa, resultado de um trabalho conjunto entre o IPL, a Junta de Freguesia em Benfica e a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. A conversa juntou personalidades entre as quais o presidente do Politécnico de Lisboa, o presidente da Junta de Freguesia de Benfica, o presidente da Associação de Ucranianos em Portugal e o bispo da Cúria no Grande Arcebispado Católico Grego Ucraniano de Kiev-Halytsch.
David Antunes, pró-presidente do IPL para as Artes, falou da importância da iniciativa, que surgiu no âmbito da exposição sobre Aristides de Sousa Mendes, para estabelecer uma relação entre as ações do português e as de outras pessoas, na Ucrânia e outros países, pelo “bem que estas ações representam para cada um de nós, como seres humanos”, referiu o pró-presidente.
Pavlo Sodakha, presidente da Associação de Ucranianos em Portugal assumiu que nunca imaginou que depois de tudo o que “os nossos pais viveram no passado regressaríamos a esta situação”, disse, referindo-se à guerra na Ucrânia e à saída do país de milhares de compatriotas. Enalteceu a exposição e o trabalho desenvolvido pela Junta de Freguesia de Benfica, no apoio à comunidade ucraniana.
Para Ricardo Marques, presidente da Junta de Freguesia de Benfica a iniciativa foi um convite à reflexão “sobre como 80 anos depois ainda existem alguns que acham que o caminho segue pela guerra e pelo flagelo”. Para o autarca, Portugal tem dado um bom exemplo ao longo da história, referindo como exemplo o papel da Junta de Freguesia que dirige, que tem integrado refugiados e reclusos dos estabelecimentos prisionais ao longo dos últimos anos. “Não podemos ficar pelas palavras, mas devemos agir” reconhecendo no IPL “uma peça fundamental do que fazemos”.
Odete Rodrigues Paralé, presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa fez um agradecimento ao Politécnico de Lisboa, quer de acolher a exposição sobre a vida de Aristides de Sousa Mendes, à qual foi associada o trabalho plástico e artístico dos alunos da FBA, quer da dinamização da conversa com a comunidade ucraniana, “que tem sido um povo muito valente e com uma grande força e energia”.
António de Moncada de Sousa Mendes, neto de Aristides de Sousa Mendes participou da conversa no Espaço Artes. Diz ter encontrado ao longo dos anos muitas pessoas que foram ajudadas pelo avô e pelo pai da mãe, na altura dos acontecimentos, embaixador na Polónia. Sente-se muito ligado ao tema dos refugiados, “é como se estivessem a falar da minha família, não de sangue, mas espiritual”. Não consegue aceitar que um país esteja a invadir um país irmão e vê na Arte, “o que há de melhor para nos ajudar a curar estas feridas da guerra”.
Cookie Fisher, filha de uma mulher holandesa ajudada por Aristides de Sousa Mendes, disse ter uma dívida de gratidão, não só com com o consûl, mas com o povo português que recebeu os judeus, como a mãe. Pediu às mães ucranianas presentes no Espaço Artes, para partilharem as suas histórias com os filhos.
Luísa da Rocha, uma das curadoras da exposição, explicou o contexto do projeto, a partir do qual surgiu a exposição Aristides de Sousa Mendes e fez uma visita guiada com os membros da comunidade ucraniana.
As várias intervenções foram traduzidas por dois membros da comunidade ucraniana residente em Benfica.
Flickr photos from the Visita de comunidade ucraniana à Exposição "Aristides de Sousa Mendes - Razões de humanidade" album.
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Texto de CSS/GCI IPL
Imagens de DS/GCI IPL