A iniciativa realizou-se no âmbito do projeto “Teatro de Identidades”, uma parceria da Associação de Amigos da ESTC, com a Câmara Municipal da Amadora. O espetáculo “Varreram-nos os cravos… Mas não nos tirem o trigo, porra!” teve inspiração na situação atual do país e nas dificuldades que estão a passar os mais idosos. Trata-se de uma “luta sem idade”, como ilustravam os cartazes da peça, que resultou dos desabafos inconformistas dos participantes na preparação da peça. Hugo Andrade, aluno de mestrado de “Teatro e Comunidade”, e responsável pelo espetáculo, conta, a propósito disso, que ouviu frequentemente os participantes a dizerem: “um que já não tinha nada para comer, outro falava dos cortes nas reformas e nas pensões, outro das dificuldades que tem em ajudar os filhos e os netos”.
Sem guião definido e falas ensaiadas, o espetáculo começou com a música “Venham mais cinco” de Zeca Afonso. Os atores, encapuzados, começaram a varrer os cravos do chão, símbolo de opressão e injustiça. Na peça o pão apareceu como alimento para o corpo físico e para a alma.
A aposta na interação com a sociedade tem sido uma preocupação da Escola Superior de Teatro e Cinema, bem sucedida. Prova disso são os antigos alunos do mestrado de “Teatro e Comunidade”, que estão a trabalhar em programas de teatro sénior. Diz a professora Rita Wengorovius, responsável pelo projeto, que faz questão de salientar que o mestrado de “Teatro e Comunidade” “tem a preocupação de criar emprego para os alunos.”
No final do espetáculo o público provou sopa de trigo, confecionada pelos próprios atores.
CA
Fotos de Bernardo Silva