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12.07.2018
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Miguel Brito, docente da ESTeSL é o coordenador de um dos 16 projetos apresentados no dia 12 de julho, no Centro Ismaili, em Lisboa, numa sessão que decorreu, com a presença do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor e do Comendador Nazim Ahamad, representante Diplomático do Imamat Ismaili junto da República Portuguesa.

O projeto do investigador da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, foi escolhido de entre 73 candidaturas ao concurso para o financiamento de projetos conjuntos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico, destinados a incentivar e fortalecer competências e capacidades científicas, técnicas, humanas e sociais dirigidas ao incremento da Qualidade de Vida nos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e noutras regiões de África, lançado em 2017. Nesta primeira edição, podiam candidatar-se iniciativas já existentes e colaborações em curso entre instituições científicas e académicas africanas e portuguesas.

O projeto SCAFfoldChild, resulta de uma parceria do Politécnico de Lisboa/ESTeSL com o Centro de Investigação em Saúde de Angola, o Hospital Geral do Bengo, a Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto e a Fundação Calouste Gulbenkian. O projeto baseia-se num grupo de crianças que têm uma doença genética debilitante, que faz com que a partir de 1 ou 2 anos de idade comecem a sofrer de dores crónicas.  A ideia passa por iniciar um sistema de tratamento, com uma droga já existente, distribuída na Europa, a Hidroxiuréia, à qual nem todas as crianças respondem. "Vamos arranjar marcadores genéticos para identificar quais respondem ao tratamento e quais não". O projeto assenta em duas vertentes, uma puramente científica, com marcadores de severidade e de resposta ao tratamento genético nestas doenças e uma parte mais humana, mais social, que permite o acesso a medicamentos para a população, e passa por possibilitar que alguns dos investigadores sejam médicos e possam dar acompanhamento. Esta vertente era, aliás, condição necessária para a candidatura às bolsas Aga Khan.

O investigador considera que o projeto foi selecionado pela componente social, ainda que esta seja uma obrigatoriedade do concurso, mas também por implicar a existência prévia de cooperações com instituições africanas. "O Politécnico de Lisboa tem cooperação com o Centro de Investigação em Saúde de Angola há vários anos, o que foi uma mais-valia", referiu o investigador. "É para nós um orgulho perceber que o nosso trabalho é visto com outros olhos. Este projeto vai ter um Bolseiro, o que é uma mais-valia e em Angola temos um estudante de Doutoramento que vai ser incluído. Serve, quer para o desenvolvimento pessoal, verbas para investigação que não são fáceis e serve para o desenvolvimento, quer em Portugal  quer em Angola, de pessoas", frisou Miguel Brito. Sobre o reforço da vontade do Politécnico de Lisboa ministrar doutoramentos, Miguel Brito considera que esta realidade só pode acontecer se houver investigação. "É uma formação mais severa, e para isso precisamos de investigação de ponta para demonstrar que temos capacidade para o fazer e bons estudantes". Pessoalmente, o docente considera que a escolha do projeto é um contributo importante para esta realidade e sente estar a lutar por isso.

Miguel Brito é licenciado em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, licenciado em Dietética e Nutrição pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, doutorado em Biologia, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e tem Agregação no ramo de biologia, especialidade de genética pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

A atribuição das Bolsas Aga Khan resulta de um protocolo para cooperação na área da Ciência e Tecnologia assinado entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e o Imamat Ismaili, assinado em maio de 2016. à luz do protocolo, a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o Aga Khan Development Network lançaram o  1.º concurso para financiamento de projetos conjuntos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico com o objetivo de melhorar a qualidade de vida nos países africanos de Língua Portuguesa. Os projetos apoiados no âmbito deste concurso têm a duração de três anos e representam um investimento total de 4,6M€.

 

"Este é um importante dia para a Ciência"

Disse Paulo Ferrão, presidente da FCT, na sua intervenção na sessão de apresentação dos projetos, no Centro Ismaili, acreditando tratar-se da celebração de "uma ponte entre continentes, entre a ciência e as pessoas"

O comendador Nazim Ahamad,  a quem coube a abertura da sessão, mostrou-se muito satisfeito com o progresso do protocolo. Não deixou de referir que a sessão assinalou uma semana de comemorações do Jubileu de Dia Diamante do Príncipe Aga Khan, que trouxe, durante uma semana, a Lisboa, cerca de 50 mil pessoas.

Firoz Rasul, presidente da Universidade Aga Khan (AKU) vê na atribuição das 16 bolsas, "um passo para uma longa jornada para a criação de novo conhecimento que serve comunidades e pessoas". O professor transmitiu aos convidados, a crença do príncipe Aga Khan, em que, para além do objetivo dos projetos ser a melhoria da qualidade de vida, "as pessoas não precisam apenas de compaixão, mas de capacitação". Firoz Rasul reforçou que "todo o trabalho dos investigadores tem que ser feito a par da população, porque o valor da investigação só existe se esta colocar as soluções em prática".

António Rendas, antigo reitor da Universidade Nova de Lisboa e atual membro do Conselho de Curadores da AKU falou um pouco da história por detrás da cooperação que conduziu à assinatura do protocolo e a atribuição das bolsas.

A última intervenção coube a Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que disse acreditar que "estamos a trazer para o centro da nossa sociedade, os que estão na margem". Para o ministro este primeiro passo "é simbólico, porque estamos a impôr às instituições portuguesas um elevado nível de responsabilidade social".

Na sessão, para além do coordenador do projeto da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, Miguel Brito, estiveram Anabela Graça, presidente da instituição e José Cavaleiro Rodrigues, pró-presidente do Politécnico de Lisboa para a Investigação, Desenvolvimento, Inovação e Empreendedorismo.

 

Texto de CS/GCI

Fotos de VG/GCI

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