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17.01.2018
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"Património artístico que importa acima de tudo preservar e continuar a estudar" referiu Paulo Morais, o pro-presidente do Politécnico de Lisboa, sobre a coleção de azulejos do edíficio da Escola Superior de Educação de Lisboa, na sessão académica, que decorreu no dia 16 de janeiro, na Sociedade de Geografia de Lisboa sobre as armas da fachada da escola.

Da autoria do arquitecto Adães Bermudes o edíficio, localizado no campus do IPL, em Benfica, que completou no ano passado 100 anos, destinava-se inicialmente a albergar a Escola Normal Primária de Lisboa, e mais tarde acolheu a Escola do Magistério Primário de Lisboa.

Do ponto de vista da heráldica trata-se de um "raro e muito interessante armorial azulejar" na representação dos distritos de Portugal "de forma particularmente inédita em termos de tenentes que suportam os escudos, os quatro putti alusivos à Geometria, Literatura, História e Geografia", refere Paulo Morais com base na pesquisa que fez sobre as armas da fachada do edificio a convite direção da Escola Superior de Educação de Lisboa.

[caption]armorial da eselxPutti alusivos à Geometria e Literatura[/caption]

Na conferência, promovida pela Secção de Genealogia, Heráldica e Falerística, da Sociedade de Geografia, Paulo Morais refere que a heráldica ocorre por várias vezes na fachada principal da Escola Superior de Educação de Lisboa. Para além do brasão de armas de Portugal, representado em 3 locais, em escultura e pintura, é também possível observar uma decoração azulejar com a representação de vinte e dois escudos de armas, apesar de algumas das capitais de distrito, nomeadamente Braga, Coimbra, Santarém e Vila Real não constarem no friso azujelar, assim como apenas as províncias ultramarinas de Angola e Vila de São Sebastião de Moçambique terem as armas das suas cidades representadas, desconhecendo-se o porquê, disse o orador.
Apesar de não existir informação relativamente à autoria das pinturas e dos desenhos, denota-se a influência das ilustrações da obra de Vilhena Barbosa, com algumas modificações explica o investigador, acrescentando que estas ocorrem por "motivos políticos, nomeadamente de afirmação da jovem república, como o desaparecimento da coroa real fechada das armas nacionais que carregavam a vela principal da nau do escudo de Viana do Castelo."
As armas das cidades, designadas à época, por ilhas adjacentes, nomeadamente as suas capitais – Funchal e Ponta Delgada também não estão representadas.

[caption]armorial da eselxPutti alusivos à História e Geografia[/caption]

Para Paulo Morais o armorial da ESELx representa, de alguma forma, "a visão de um Portugal republicano em instalação, onde o desenvolvimento das regiões passava também, ou melhor, obrigatoriamente, pelo desenvolvimento do país em termos de educação, constituindo a sua implantação na fachada principal da Escola Normal Primária de Lisboa uma afirmação claramente ideológica, mas também, evidenciando a importância e relevância nacional, incluindo obviamente os territórios ultramarinos, que o governo queria para este estabelecimento de ensino."
Considerando a relevância histórica e patrimonial do edificio da Escola Superior de Educação de Lisboa, está em curso a preparação de uma monografia, da autoria do professor Nuno Martins Ferreira, com informação referente à história do edifício,  "cuja publicação se torna necessária", alerta o pro-presidente do IPL, Paulo Morais.

Texto VG/GCI
Fotos MN/GCI